01 outubro, 2011

Um foco de ternura cúmplice

Fotografia de Gregory Colbert

Nada é inacessível no silêncio ou no poema.

António Ramos Rosa


Aproximei-me da festa do silêncio com o fluir das palavras nuas que escreveste. Suspendi o tempo junto a ti como a criança que recoloca as peças do jogo com a simples respiração acedendo ao novo mundo imprevisto em movimento. Um foco de ternura cúmplice aproximou o sentido total dos nossos gestos fora do tempo. Um campo de ressonâncias eternas trespassando-nos como a água sem corpo que esvazia as palavras, dos sentidos obscuros, onde habitamos a brancura e o afecto deste encontro. Agora sei que haverá a palavra viva quando a morte for limite, haverá o fluxo do livro descobrindo a página, haverá um rosto traduzindo o silêncio, haverá um traço de prece inclinada na paz dos nossos ombros.


Gisela Ramos Rosa, 1-10-2011


10 comentários:

João Menéres disse...

Depois de um dia algo cansativo, como é bom encontrar
n'A FESTA DO TEU SILÊNCIO a ÁGUA SEM CORPO QUE ESVAZIA AS PALAVRAS...

Obrigado, GI, por tudo, sempre.

Um beijo.

Branca disse...

Nada é mesmo inacessível, quando as palavras se despem assim da carga que transportam no tempo e ficam suspensas na leveza de um sentir como o teu...

Obrigada pela partilha e pela beleza serena da imagem.

Ando com dificuldade de comentar nos teus blogues. Espero que agora o registo fique.

Beijos

Gisela Rosa disse...

Obrigada eu João pela tua palavra aqui
a tua presença

UM ABRAÇO


BRANCAMAR....curiosa a sua leitura de minhas palavras.
Profundamente grata pelo reconhecimento desta expressão. Um beijo grato


Gisela

tb disse...

no poema, no silêncio, como na vida tudo é ou deveria ser acessível para o desenvolvimento do Ser.
Gosto muito de por cá passar, G.
Beijinhos

P.S. adoro os desenhos. Obrigada muito!
bjs

Anónimo disse...

Bonito tanto a imagem como o teu pensamento...

Beijo grande

Mar Arável disse...

Tudo é possível

e improvável

Anónimo disse...

levo sempre o coração tão cheio quando por aqui passo

obrigada Gisela
fr

Mika disse...

...ver, ler, reler e voltar atrás para ler de novo devagarinho. Assim sugere, este compasso binário, em imagem escrita.

Voltarei.

Tere Tavares disse...

...nada escapa a que tem em si sóis a luzir.

Abraço

João Ricardo Lopes disse...

Muito bonito o seu texto, Gisela! Encima, ainda por cima, por um verso cheio de António Ramos Rosa (daqueles que se equivalem a toda uma arte poética).